Cristina Branco Rossio
Deixo o lixo à porta
A rir com persistência
A pá deve estar torta
Gabo-lhe a paciência
Faço por não existir
Nem o reflexo no chão
É raro ver-me sorrir
Nem na foto do cartão
Folgam as costas, vêm os medos
Nas horas mortas, faço as contas, calos nos dedos
Folgam as costas, vêm os medos
Nas horas mortas, faço as contas, calos nos dedos
Nem a sombra fica
No buraco que cavo
O suor cai em bica
Quase apaga o cigarro
Despejo os restos de ontem
A cidade sozinha
Veste-se com desdém
Desta luz que se avizinha
Folgam as costas, vêm os medos
Nas horas mortas, faço as contas, calos nos dedos
Folgam as costas, vêm os medos
Nas horas mortas, faço as contas, calos nos dedos
O comboio partiu
Quando chego à estação
Nem os pombos do Rossio
Sabem do meu coração